O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a tarefa mais urgente neste momento é um cessar-fogo definitivo no conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas e voltou a defender a criação do estado da Palestina e a sua respectiva entrada como membro pleno da Organização das Nações Unidas (ONU). A declaração foi dada nesta quinta-feira (15) durante participação em sessão extraordinária do Conselho de Representantes da Liga dos Estados Árabes, em Cairo, no Egito. As informações são do R7, parceiro nacional do Portal Correio.
“A tarefa mais urgente é estabelecer um cessar-fogo definitivo, que permita a prestação de ajuda humanitária sustentável e desimpedida, além da imediata e incondicional liberação dos reféns”, disse Lula, acrescentando que a persistência do conflito pode levar a cenários “imprevisíveis e catastróficos”.
“A posição do Brasil é clara: não haverá paz enquanto não houver um estado palestino, dentro de fronteiras mutualmente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”, completou.
Durante seu discurso, Lula destacou que a decisão sobre a existência do estado palestino independente foi tomada pela Organização das Nações Unidas há 75 anos. “Não há mais desculpa para impedir o ingresso da Palestina na ONU como membro pleno. A retomada das negociações de paz é uma causa universal. É a nossa causa”, argumentou o presidente brasileiro.
Mais cedo, após reunião com o presidente do Egito, Abdel Fattah Al-Sisi, nesta quinta-feira (15), no Cairo, Lula voltou a criticar os membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e afirmou que os países devem ser “pacifistas”, e não “atores que fomentam” as guerras.
“É preciso que o Conselho de Segurança da ONU tenha outros países participando, outros países da África, da América Latina. É preciso ter uma nova geopolítica na ONU. É preciso acabar com o direito de veto dos países. E é preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam atores pacifistas e não atores que fomentam a guerra”, destacou.
Em seu discurso, Lula defendeu também a reforma de instituições multilaterais, como o próprio Conselho de Segurança da ONU. “É lamentável que as instituições, que foram criadas para ajudar a solucionar esses problemas, não funcionam. Por isso o Brasil está empenhado e esperamos contar com o apoio do Egito para que a gente consiga fazer as mudanças necessárias nos órgãos de governança global”.
Agenda
Lula desembarcou no Cairo na madrugada da última quarta-feira (14). Esta é a segunda vez que o presidente visita o país – a primeira ocorreu em 2003. O convite para a agenda, que celebra os 100 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Egito, foi feito pelo líder egípcio durante a COP27.
Na agenda desta quinta-feira (15), estão previstas a visita de Estado oficial, com reuniões entre os dois presidentes, assinaturas de atos bilaterais, almoço oficial e declaração à imprensa. Lula também vai visitar a sede da Liga dos Estados Árabes.
O Palácio do Planalto informou que a delegação brasileira embarca no fim do dia para Adis Abeba, capital da Etiópia, onde Lula vai participar como convidado da Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, na sexta e sábado (16 e 17).
Em Adis Abeba, a Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana deve receber entre os participantes o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. A expectativa do Itamaraty é de que Lula se reúna com ambos no sábado e domingo (17 e 18).