Em 2022, eleger um deputado federal custou em média R$ 1,209 milhão. Levantamento do GLOBO mapeou as despesas dos 513 parlamentares eleitos para a Câmara dos Deputados em 2 de outubro. Os dados foram obtidos a partir da prestação de contas apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até a última segunda-feira, dia 10. Dentre os gastos, destacam-se os valores destinados à publicidade em materiais impressos e nas redes sociais. O prazo final para prestação de contas vai até 1º de novembro.
Os candidatos do Nordeste foram os que, em conjunto, mais gastaram, superando as despesas dos postulantes de três dos quatro maiores colégios eleitorais do país, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas, que ocupam o 11°, 17° e 13° lugares no ranking, respectivamente. Quarto na lista de estado com mais eleitores, a Bahia ficou na terceira posição na região, atrás de Paraíba e Piauí.
Dos 513 deputados federais eleitos, dois se destacam pela campanha barata: Eduardo da Fonte e Lula da Fonte, pai e filho que integram o diretório estadual do Progressistas em Pernambuco, declararam despesa de R$ 5 mil cada, valor usado para impulsionamento de rede social.
Em contrapartida, a campanha mais cara foi a de Arnaldo Jardim (Cidadania-SP): R$ 3,2 milhões. Seguindo a tendência dos concorrentes, o parlamentar, que foi reeleito, destinou a maior parcela da verba, 11%, a publicidade por materiais impressos.
Já Roberto Monteiro Pai (PL-RJ), herdeiro político do filho, Gabriel, que foi cassado na Câmara Municipal do Rio, e Ícaro de Valmir (PL-SE), parlamentar eleito aos 21 anos, ainda não prestaram contas.
Entre as regiões do país, o Nordeste é a que tem a maior média, R$ 1,4 milhão. O Centro-Oeste aparece em segundo lugar, com R$ 1,25 milhão, e o Sul em terceiro, com R$ 1,19 milhão. O Sudeste, onde estão os três maiores colégios eleitorais, ocupou a quarta posição (R$ 1,18 milhão), à frente do Norte (R$ 743 mil).
A Paraíba tem a maior média, R$ 1,57 milhão. No estado, Romero Rodrigues (PSC) gastou R$ 2,71 milhões e assumiu a liderança entre os 12 representantes. A campanha de Wilson Santiago (Republicanos) foi a mais barata: R$ 215,8 mil.
Em relação a 2018, as despesas caíram. No último pleito, os 513 eleitos gastaram, em média, R$ 1,31 milhão, 8,39% a mais que este ano.
Para a cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), os valores exorbitantes refletem a diferença entre o jogo político e a realidade de quem elege seus representantes:
“Para ter visibilidade e se eleger é preciso ter capital político e econômico para bancar campanhas milionárias. Assim, a desigualdade se mantém, já que quem tem pouco continuará de fora”, disse a especialista.