A Executiva Nacional do PSDB confirmou nesta quinta-feira (9) o apoio à candidatura presidencial de Simone Tebet (MDB). A informação foi divulgada pelo presidente do partido, Bruno Araújo, em coletiva de imprensa.
A reunião da Executiva Nacional do partido para referendar o nome de Tebet começou ainda pela manhã. Após mais de cinco horas de discussão, o apoio foi formalizado com 39 votos favoráveis e seis contrários.
“A Executiva deu uma demonstração, apesar de uma discussão intensa, democrática. É importante ressaltar e dizer que todos esses votos ‘sim’ são ‘sim’ pelo possível. A alma do PSDB era de uma candidatura própria. Mas nós entendemos que o PSDB existe não como um fim próprio. Existe para permitir o que é melhor como alternativa para os brasileiros”, disse Araújo.
Questionado sobre o nome que o partido deve indicar para compor a chapa de Tebet como candidato a vice, o presidente do PSDB afirmou que, antes disso, o momento é de trabalhar em torno do programa de governo.
Segundo Araújo, quando chegar a hora, o partido vai oferecer o que tem de melhor.
“A vaga de vice será construída e acordada com o PSDB. Nós vamos oferecer o que tivermos de melhor ao Brasil, com um nome que possa colaborar com essa candidatura”, afirmou.
Na quarta-feira (8), MDB e PSDB chegaram a um acordo sobre o principal impasse para o apoio tucano a Tebet, a disputa pelo governo de Rio Grande do Sul. Os emedebistas devem desistir da pré-candidatura de Gabriel Souza para apoiar Eduardo Leite.
A decisão inclui três partidos de centro, o MDB, o PSDB e o Cidadania, como uma alternativa para os brasileiros, que vivenciam uma polarização nas eleições deste ano entre as candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Enquanto Lula lidera por ampla margem as pesquisas de intenção de voto, com a possibilidade inclusive de vencer em primeiro turno, a terceira via encontra dificuldade para fazer sua candidatura decolar.
Vale destacar que, apesar do apoio do PSDB, a pré-candidata Simone Tebet não conta com o apoio definitivo e unânime do MDB. Uma ala do partido — com destaque para o Nordeste — quer apoiar Lula, enquanto outra, majoritariamente no Sul, quer Bolsonaro no poder mais uma vez.
Reunião em clima tenso
Após reunião, que durou quase cinco horas em clima bastante tenso e teve defesa de candidatura própria do partido, o presidente do PSDB , Bruno Araújo (PE), anunciou o apoio da legenda à candidatura presidencial de Simone Tebet (MDB).
Foram 39 votos pela aliança, 6 contra e uma abstenção. O placar inclui os votos computados entre membros da executiva, e das bancadas do Senado e da Câmara. Também já ficou decidido que o partido vai indicar um candidato à vice, na chapa de Simone. O nome mais cotado é o do senador Tasso Jereissatti (CE).
“Obviamente esse resultado já dá um sinal do caminho que o PSDB vai tomar”, disse Araújo, após a reunião. Nós vamos oferecer o que temos de melhor ao Brasil. Um nome do que possa colaborar com essa caminhada com Simone Tebet”, disse Araújo.
Bruno ainda informou que confia no acordo a ser fechado para lançar o nome de Eduardo Leite ao governo do Rio Grande do Sul. Para isso, é necessário agora que o MDB anuncie apoio ao ex-governador, que hoje figura como nome favorito nas pesquisas de intenção de voto.
Dissidências
A decisão não foi unânime. Apesar de a maior parte da cúpula do partido apontar para a coligação com o MDB no plano nacional, lideranças importantes da legenda ainda insistem em uma candidatura própria tucana e defendem o nome do ex-governador do Rio Grande do Sul – que perdeu as prévias para João Doria (SP) – como cabeça de chapa.
Votaram contra o apoio a Tebet os deputados federais Aécio Neves, Alexandre Frota, Paulo Abi-Ackel, Eduardo Barbosa e Rossoni e o senador Plinio Valério. O ex-deputado Nelson Marchezan Júnior se absteve.
O ex-governador de Goiás Marconi Perillo saiu do encontro se dizendo “broxado” com o rumo da reunião. “Desde 1986 eu não digito outro número nas urnas a não ser 45”, disse o tucano.
No encontro, Perillo ainda colocou um desafio aos seus colegas de partido: o de perguntar ao próprio Eduardo Leite se ele aceitaria a tarefa de encarnar uma candidatura tucana ao Planalto. O ex-governador alega que Leite só não disse que aceitaria porque não foi feita a pergunta a ele.
“Alguns de nós continuamos a defender a candidatura própria. E não é difícil fazer a defesa dessa tese. Nós temos excelentes nomes. O Eduardo Leite foi o segundo colocado na prévia, com votação muito boa, muito expressiva. Perdeu para o Doria por pouco”, insiste o ex-governador goiano.
“Com a desistência do governador Doria, o nome natural para ser candidato a presidente é Eduardo Leite”, defendeu. “A minha proposição é de que o partido inteiro convide ou convoque Leite pra ser o nosso candidato. Eu tenho certeza de que se houver uma convocação o governador diria que aceita ser candidato a presidente pelo PSDB.”
O deputado federal Aécio Neves (MG), que foi candidato a presidente pelos tucanos em 2014, também saiu da reunião frustrado. “Neste momento, eu não vou mais tensionar essa questão. O que me preocupa é que o PSDB não tenha para entregar aquilo que eventualmente entregaria”, disse o mineiro.
“O PSDB terá enorme dificuldade de caminhar com a candidatura do MDB (caso apoie Simone). Tenho enorme respeito pela senadora Simone Tebet, um dos melhores quadros da política brasileira. Mas eu continuo entendendo que, pelo papel que o PSDB já exerce na política brasileira, sobretudo em razão da polarização que nós vamos assistir nessas eleições, para o país, que seria necessário que o PSDB tivesse uma candidatura própria para sinalizar para o futuro, o que eu chamaria de uma certa reinstitucionalização da política”, disse o mineiro.
Também compartilharam dessa visão o ex-deputado Marcos Pestana (MG) e o ex-senador José Aníbal (SP), entre outros.
Estiveram presidentes o secretário-geral, Beto Pereira, o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas, além de Pedro Vilela (AL), Paulo Abi-Ackel (MG), Nilson Pinto (PA), Aécio Neves (MG), José Aníbal (SP), Eduardo Azeredo (MG), Thelma de Oliveira (PSDB-Mulher), Gabriela Cruz (Tucanafro), Edgar de Souza (Diversidade Tucana), Sérgio Ballaban, Moema São Thiago e Marcus Pestana (MG).
Participaram de forma remota o senador Tasso Jereissati, o líder dos tucanos na Câmara, Adolfo Viana (BA), Nelson Marchezan Júnior (RS), o tesoureiro do pardido, Cesar Gontijo (MG), Samuel Moreira, Vanderley Macris (SP), a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, Júlia Jereissati, Mara Gabrilli, Eduardo Cury, Eduardo Barbosa, Joyce Hasselman, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, Marco Vinholi, Fernando Alfredo, e Manoela Imbassahy.